segunda-feira, 21 de julho de 2008

Skin deep


A nossa pele conta uma história, ou várias entrelaçadas.
Desde logo a sua cor faz transparecer uma parecença, mais ou menos evidente, com os nossos progenitores, distingue-nos ou assemelha-nos com irmãos e primos, até com grupos sociais quando a abordagem é mais leviana.
Algumas pessoas escolhem ainda contar à sua maneira uma história na pele, tatuando um amor, um ídolo, um símbolo que desejam ser o seu, a afiliação mais ou menos informal a um grupo, a uma tendência de moda, um acontecimento marcante. O amor passa, a moda passa, a guerra passa, passa a identificação da tribo, mas a marca na pele fica para lembrar.
A pele diz que esteve ao sol, se foi na praia ou a trabalhar, se soubemos medir a exposição ou a pressa foi maior que a cabeça e o que pretendia ser o tom quente de um dia descontraído se transformou numa noite ardente em que a pele vermelha não suporta nem o lençol.
Em algumas pessoas a pele trai uma ansiedade escondida, um problema, uma tristeza que o sorriso não quis mostrar, uma intolerância de contacto ou uma alergia alimentar.
Na pele está a história da vez em que caímos no recreio da escola, em que a destreza não foi suficiente para escapar incólume do forno ao cozinhar, em que a faca ou a ferramenta fugiu inexplicavelmente do nosso controlo e escolheu perpetuar a sua marca na nossa vida. Quem consegue ficar indiferente a um risco no pulso? Vi um dia uma mulher que, saindo de mãos dadas com a filha do vício da heroína, olhava preocupada para as cordilheiras em relevo nas suas mãos, cicatrizes que não permitiam, a ela ou à filha, deixar para trás tão depressa como ansiavam o caminho de pedras aguçadas que tinham pisado um dia.
A pele conta histórias de crime, de dor, de trocas de tiros e facadas, de picadas de insecto, de violência doméstica, de auto-flagelação, de amor desmedido, de acontecimentos perturbadores e felizes que nem sempre quem vê sabe ler.
A pele conta a nossa idade, grava os nossos sorrisos e as nossas preocupações, molda-se às nossas lágrimas e às gargalhadas. Até o botox nela conta a história de uma recusa em aceitar a sua própria história, ou um arrependimento por aquilo que não se chegou a fazer.
As temidas estrias contam a história de que a pele esticou além da sua capacidade. Que quem estava na pele se mexeu de menos e comeu demais, ou que teve lugar em si para acolher uma outra pessoa e a deixou crescer e esticar músculo e pele, com todo o conforto, até ser hora de enfrentar o mundo. E que depois o seu peito se encheu não só de amor, mas também de leite, às vezes até ao limite da elasticidade, para alimentar essa nova pessoa, com leite e carinho, até a comida do mundo lhe servir. Estrias dizem “um dia eu engordei de repente" ou “um dia eu gerei uma outra pessoa, carreguei-a dentro e fora de mim, dei o melhor que eu tinha e me passei para segundo plano”. Ah. Na farmácia vendem um creme para as apagar ou atenuar em 9 semanas. Quer comprar?

imagem daqui

domingo, 18 de maio de 2008

quinta-feira, 8 de maio de 2008

terça-feira, 6 de maio de 2008

Olho vivo e pé ligeiro



Podia haver recordes mais bonitos...

Não metas a colher?!

Em Maio...



A parte do borralho, se for possível evitar, tanto melhor!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Internacionalizeichon

A saudade pode ser um lugar onde as ondas do mar bicome ueives ove di ouchion...

O Senhor de Matosinhos está aí mesmo à porta!

Movimento Ken Lee

A princípio, parecia apenas mais um candidato humilhado por um júri cansado de demonstrações infelizes.
Alguma coisa aconteceu e ela foi à final, com um público no mínimo entusiasta.
Uma vez obtido o elogio de Mariah, ela está imparável. E o público não se limita a aplaudir... Ken Lee video - já fez o seu?

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Food Music II (sobremesa)


Sumo na vida, é o que eu vos desejo

Food Music I





Enquanto procuro a Cumbia del Mole, aceitam-se sugestões :)))

segunda-feira, 3 de março de 2008

Peixes a bailar para a Princesa!


Não era muito grande quando nasceu. A cabeça dela era redondinha, parecia uma laranja. Era calma e desde o primeiro dia, competente. Era um bebé sério, que não sorria para quem não conhecia e mesmo quando gostava das atenções procurava conter-se, mirando o interlocutor de cima a baixo. Em tudo o que aprendia, o processo subjacente parecia oculto, como se aparecesse já sabendo, como por magia. Atenta, não lhe escapam os detalhes e dificilmente esquece. Pelo caminho, brotou a flor, não é mais tão tímida e pelo caminho, a sua dádiva aos outros não passa despercebida.
Enche a minha vida de cartas, desenhos, declarações de amor, pergunta por amigos e familiares, e quando me copia coro por dentro com o elogio. Até hoje, e acredito que pela vida fora, penso que ela nasceu de mim para me ensinar e não para aprender. Além de tudo, é linda. O seu nome significa Senhora da casa, e ela faz questão de fazer juz a ele. Parabéns, Parabéns, Parabéns! Feliz aniversário à princesa das nossas vidas.

(a música que ela pede)

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Dos gotas de llanto


Somos dos seres en uno que
amando se mueren, para ocultar,
en secreto, lo mucho que quieren.

Somos, en nuestra quimera doliente
y querida, dos hojas que el viento
juntó en el otoño. Somos un sueño,
imposible, que busca la noche,
para olvidarse del mundo, de Dios
y de todo.

Pero qué importa la vida,
con esta separación,
somos dos gotas de llanto en una canción.
Nada más eso somos.
Nada más.

Chavela Vargas, Somos